Como vos disse, ontem foi dia de ir ao teatro ver um projecto muito especial.
Adorei. Amei. Em 1º lugar, o conceito é excelente! Aquilo não é uma peça.. é um exercício em forma de peça de teatro... um exercício de pensar a cidadania e a exclusão social em todas as suas vertentes (e não apenas a pobreza e marginalidade a que geralmente se associa). Um espectáculo, um exercício para pensar, alargar horizontes e esquecer as verdades que muitas vezes temos como certas, entre momentos sérios e outros de grande gargalhada.
O mais bonito? O que mais me tocou? A expressão de realização daqueles jovens actores (e que actores, diga-se de passagem) o final. Uma expressão que dizia com todas as letras "Valeu a pena". E valeu!
Ainda em exibição hoje e amanhã, na OMT.
As personagens:
"O Músico - num quarto... um homem sentado... a solidão como ponto de partida para uma viagem sonora.
O Escriturário - Semedo trabalha numa repartição pública. Vive com a mãe que lhe telefona várias vezes por dia. Semedo sonha conseguir impor-se no seu local de trabalho. A oportunidade chega no dia em que tem que substituir um colega na apresentação de um contrato com clientes importantes.
A Mulher que Espera - a mulher que espera carrega uma mala cheia de roupa e espera por alguém que goste dela. Espera pelo marido que não chega, espera pelo namorado que a abandonou, pelo flirt que não aconteceu. A mulher quer agradar a alguém, a qualquer pessoa, não interessa quem.
A Exploradora - explorar é não ter medo do que vem aí, à nossa frente. Ela não tem medo, o problema é decidir por onde começar. O mundo é tão grande, existem tantas possibilidades, tantos caminhos.
Helena, a senhora que queria outra vida - enfermeira, divorciada. Filhos.
Casa/Escola/Trabalho/Supermercado/Escola/Casa
Casa/Escola/Trabalho/Supermercado/Escola/Casa
Casa/Escola/Trabalho/Supermercado/Escola/Casa
Casa/Escola/Trabalho/Supermercado/Escola/Casa
Casa/Escola/Trabalho/Supermercado/Escola/Casa
...
O Amigo do Kafka - ele não saía do quarto. Não queria ver ninguém. Não queria que ninguém o visse. Não queria falar. Não queria comer. Não queria viver. QUERIA MORRER.
A Promotora de Eventos - ela mexe-se muito, anda de um lado para o outro. Cumprimenta as pessoas. Tem muito trabalho. Ela trabalha muito. Trabalha sempre sorridente, sempre brilhante. Glamour, sabe o que é? Glamour e sofisticação. Ser chique, falar bem, ser agradável. Ser agradável.
Margarida, a rapariga que sabia o que queria - ela sabe que quer fugir. Que será inevitável, daqui a pouco, fugir. Não tem medo de enfrentar o conservadorismo, a tradição. Não quer deixar uma parte de si para trás. Não seria preciso se o mundo fosse diferente.
A Menina do Gorro - serve para esconder, o gorro. E para encontrar outros. É um gorro mágico."
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