terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Crónicas da Serra Leoa, #5


Ora cá segue a penúltima crónica da Serra Leoa... Com um atraso considerável... Sena, as minhas desculpas por isso mas não tem sido fácil manter o tasco actualizado! Sorry... ainda esta semana publico a 6ª e última crónica (o autor regressou a Portugal no Natal).

Divirtam-se!


Mamah Salone (Serra Leoa)
(para ler ao som de: The Strange Boys – Be Brave).

Por aqui a polícia não é corrupta… Digo isto porque a última vez que tive de fazer a minha contribuição, a pessoa fardada ficou-se pela oferenda de uma banana! Existem check-points nas passagens chave da cidade, eu e o Ibrahim (motorista) fazemos como os pinguins do filme Madagáscar, just smile and wave boys!

Freetown fica no extremo de uma península ladeada por rios e Atlântico. No passado fim-de-semana fiz uma espécie de volta à península e fiquei a saber que moro na parte mais feia! Bem, pelos menos agora, pois existem relatos paradisíacos do pré-guerra quando Freetown era dos Crioulos. Se quiserem passar férias na Serra Leoa fujam de Freetown e fiquem hospedados no Eden Park, espécie de pequeno resort com bons bifes.


Por incrível que pareça na minha volta à península passei por uma aldeia chamada York. Mas que raio tem York para ter sido incrível? Um marco português dos descobrimentos e espantem-se, casas com mais de 500 anos construídas por algo parecido connosco, mas com sobrancelhas queimadas do sol e sal sofrendo de escorbuto que assediavam as nativas! O assédio deve ter sido de tal ordem que hoje todas se querem vingar em mim e sempre que vou a estas aldeias é ÓPorto give my Money ou ÓPorto me like you!

O Crioulo falado por aqui, à semelhança de Cabo Verde, é um chamado broken english. Já consigo perceber algumas frases e cuspir outras tantas, fazendo rir até as minhas colegas de trabalho, as galinhas! O trato do dia-a-dia com a malta é fácil e fluído, o mesmo não posso dizer quando se trata de negócios onde tudo gira à volta de interesses. 


Eventualmente tinha de cortar o cabelo. Tentei adiar ao máximo esta tarefa chegando ao ponto de me apelidarem de Einstein, por motivos estéticos, está claro. Os Libaneses controlam a maior parte de mercado de retalho e afins em Freetow, pensei, bem eles até têm uma superfície capilar parecida com a minha, o risco deve ser diminuto. Mal cheguei, “és português?!” Cristiano Ronaldo e tal… Asneira… saí de lá com um corte à futebolista tipo Raul Meireles quando está bem disposto… Sempre que chega à altura de pagar lembro-me do meu primo André e de como ele se gaba por pagar qualquer coisa como 5€ por cortar o cabelo; mais uma vez não consegui rivalizar com a tabela de preços da Covilhã e fui assaltado.

Está sempre calor e eu estou sempre a transpirar. Não sou o único, por mais habituados que os nativos estejam eles também suam e andam sempre munidos com um paninho que serve para limpar a calvície provocada, pescoço e cara. Estes panos são vendidos na rua, como tudo e mais alguma coisa que se possa imaginar, pergunto-me é se os lavam… 

Os almoços podem ser bem divertidos, normalmente alimento-me no restaurante africano Café de La Rose e peço sempre comida sem picante, o que nunca acontece. Eu fico vermelho, os meus parceiros de almoço não têm estes poderes camaleonescos e não mudam de pigmento, mas suam que se fartam. Nestes almoços até a bebida tem picante, a chamada ginger drink, haja paciência…

by Miguel Sena

2 comentários:

  1. Olá se já estiveste em serra leoa liga me 00351939451520 rogerio

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  2. Olá Rogério.
    Conforme descrito no relato, não fui eu que estive em Serra Leoa, mas sim uma amigo que lá trabalhou durante uns meses e fez esta colaboração no blog.
    De qualquer forma irei passar-lhe o seu contacto. Ele está novamente a trabalhar fora do país, pelo que se me quiser deixar o seu e-mail talvez seja mais fácil para ele caso deseje contactá-lo (se não quiser deixar aqui envie para o email do blog: pepitasdemundo@gmail.com)
    Obrigada.

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